A expectativa de vida no Brasil aumenta a cada ano de forma exponencial. Para ambos os sexos, a estimativa, que era menos de 50 anos em 1950, passou para 74,8 anos em 2013. Já em 2016, a pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que homens chegavam a completar 71,9 anos e mulheres, 79,4 anos. Com esse cenário, é observado um crescimento significativo no desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis que comprometem a qualidade de vida desses idosos. A dieta e atividade física são fatores moduladores da saúde, sendo necessário destacar que diversos mecanismos biológicos são alterados pelo envelhecimento em si.
O hábito alimentar do idoso não é determinado somente por preferências ou mudanças fisiológicas, mas, também, por condições psicossociais. O processo normal do envelhecimento promove alguns comprometimentos nutricionais que podem interferir no funcionamento do organismo. Assim, uma alimentação planejada e equilibrada é fundamental, mas, muitas vezes, insuficiente para atender a todas as demandas funcionais desse público. Por isso, a suplementação de determinados nutrientes é de suma importância para equilibrar essas alterações.
O primeiro nutriente que merece destaque é a vitamina D. A ingestão inadequada dessa vitamina pode aumentar a perda óssea e potencializar o risco de osteoporose, classificada como uma epidemia silenciosa entre os idosos. Sua função no organismo se dá pelos efeitos no metabolismo do osso, em que ocorre o aumento dos níveis plasmáticos de cálcio e fósforo, essenciais para a mineralização e regulação da atividade dos osteoblastos e osteoclastos, bem como para uma direta participação na síntese da massa óssea e prevenção da osteoporose. Além disso, pesquisas apontam ampla distribuição desses efeitos em tecidos não esqueléticos, assim, aumentando o interesse nessa vitamina como modalidade terapêutica para a prevenção e o tratamento coadjuvante de doenças crônicas. A suplementação de vitamina D, em conjunto com a prática de exercício físico, promove redução significativa dos marcadores de inflamação, capazes de modular a função imunológica e inibir a ação de componentes presentes na cascata inflamatória, tais como as células apresentadoras de antígenos, IFN-gama, TNF-alfa e NF kappa B.
Sinergicamente, a vitamina K, em forma K2, é extremamente essencial para a fixação de cálcio nos ossos e, consequentemente, prevenir a osteoporose, sendo uma vitamina considerada ativadora da proteína osteocalcina, necessária para a absorção de cálcio na matriz óssea.
Por fim, destaca-se o ômega-3 como principal modulador anti-inflamatório na prevenção e no tratamento de doenças crônicas que comumente acometem os idosos. Uma revisão bibliográfica mostrou que, de um total de dezessete artigos pesquisados, dez indicaram que o uso de ômega-3, em concentrações adequadas de EPA e DHA, é importante para a melhoria de doenças relacionadas ao processo de envelhecimento, como ansiedade, depressão, dor crônica e alguns tipos de câncer, além de diminuição significativa do colesterol total, LDL, triglicérides e risco para doenças cardiovasculares.
REFERÊNCIAS
ADAMS, J.; PEPPING, J. Vitamin K in the treatment and prevention of osteoporosis and arterial calcification. Am J Health-Syst Pharm, v. 62, n. 1, aug. 2005.
KLACK, K.; CARVALHO, J. Vitamina K: Metabolismo, Fontes e Interação com o Anticoagulante Varfarina. Rev Bras Reumatol, v. 46, n.6, p. 398-406, nov./dez. 2006.
MOREIRA, E.; SILVEIRA, D. Efeitos da utilização do ômega-3 no processo de envelhecimento: uma revisão Revista Científica FacMais, v. 8, n. 1, p. 137-155, 2017.
PASCHOAL, V. et al. Suplementação Funcional Magistral: dos nutrientes aos Compostos Bioativos. São Paulo: VP, 2009.
POURSHAHIDI, L. K. Vitamin D and obesity: current perspectives and future directions. Proc Nutr Soc., London, v. 74, n. 2, p. 115-124, 2015.
SLUSHER, A. L.; MCALLISTER, M. J.; HUANG, C. J. A therapeutic role for vitamin D on obesity-associated inflammation and weight-loss intervention. Inflamm Res., Basel, v. 64, n. 8, p. 565-575, 2015.
VERMEER, C.; THEUWISSEN, E. Vitamin K, osteoporosis and degenerative diseases of ageing. Menopause International, v. 17, n. 1, p. 19-23, 2011.
VITOLO, M. Nutrição da gestação ao envelhecimento. 2. ed. Rio de Janeiro: Rubio, 2015.