Os benefícios da suplementação com DHA durante a gestação

A gestação compreende um período de muita vulnerabilidade para a mãe ‒ por conta das grandes transformações em seu corpo ‒ e para o feto ‒ em razão do seu crescimento e desenvolvimento. A demanda de macro e micronutrientes acaba se tornando mais alta a fim de atender às necessidades dessa fase.

O estado nutricional materno está diretamente relacionado com o bem-estar do bebê. Com a diminuição das reservas nutricionais, deficits neurocognitivos, malformações congênitas, prematuridade e ganho de peso e/ou comprimento insuficientes podem ocorrer devido à desnutrição energético-proteica e à deficiência de micronutrientes importantes, como ferro, vitamina A, vitamina B12 e folato. Portanto, a suplementação com micronutrientes, principalmente ferro e ácido fólico, é essencial no período gestacional.

Além disso, os ácidos eicosapentaenoico (EPA) e docosahexaenoico (DHA) também podem fazer parte da suplementação alimentar para a saúde materna e fetal. Segundo a Associação Brasileira de Nutrologia (2014), o consumo de DHA na forma de óleo de peixe é essencial para a formação de todas as membranas celulares do sistema nervoso central. Pode, ainda, contribuir para evitar gestações de alto risco, aumentar o peso do recém-nascido, equilibrar o comprimento e a circunferência encefálica e auxiliar na melhora da imunidade e na resposta do sistema nervoso autônomo. Postula-se que a recomendação do consumo adequada para o alcance desses benefícios seja de 200mg/dia de DHA, desde o início da gravidez. Alguns alimentos, como peixes e sementes, podem fornecer em média 100 a 250mg/dia de ômega-3, cerca de 50 a 100mg de DHA. Entretanto, visto que essa porção não é suficiente para atender à necessidade, torna-se necessária uma complementação com suplementos de qualidade.

Em estudo realizado por Gustafson e colaboradores (2013), a suplementação de gestantes com 600mg/dia de DHA, em torno de quatro semanas de gestação, resultou em recém-nascidos com um sistema nervoso mais flexível e responsivo, conferindo uma vantagem adaptativa ao feto. Além disso, o estudo concluiu que a ingestão materna de DHA modula o comportamento neural do recém-nascido, influenciando diretamente na saúde e no desenvolvimento.

Desse modo, conclui-se que o uso de suplementos nutricionais na gravidez, aliado a uma alimentação balanceada, apresenta benefícios comprovados pela ciência, desde que seja acompanhado por profissionais capacitados para tais indicações.

 

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NUTROLOGIA. XVIII Congresso Brasileiro de Nutrologia. 2014. Disponível em: <http://abran.org.br/wp/wp-content/uploads/2014/10/2014-Consenso-DHA.pdf>. Acesso em: 29 maio 2018.

GUSTAFSON, K. M. et al. Effects of docosahexaenoic acid supplementation during pregnancy on fetal heart rate and variability: a randomized clinical trial.

Prostaglandins, Leukotrienes and Essential Fatty Acids (PLEFA), v. 88, n. 5, p. 331-338, mai. 2013.

PICCIANO, M. F.; MCGUIRE, M. K. Use of dietary supplements by pregnant and lactating women in North America. Am J Clin Nutr., v. 89, n. 2, p. 663-667, jun. 2009.

SLYWITCH, E. Ômega 3: a gordura importante. In: SLYWITCH, E. Alimentação sem carne. 2 ed. São Paulo: Alaúde Editorial, 2015. cap. 7, p. 157-174.

SOUZA, A. M. A Gestação e a Nutrição. 2010. Disponível em:<http://portaldeperiodicos.unibrasil.com.br/index.php/cadernossaude/article/viewFile/2312/1884>. Acesso em: 29 maio 2018.

UNICEF, Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde Promovendo o aleitamento materno Brasil. Ministério da Saúde. Álbum Seriado. 2ª ed. Brasília: 2007.

ZHANG, Z. et al. Dietary Intakes of EPA and DHA Omega-3 Fatty Acids among US Childbearing-Age and Pregnant Women: An Analysis of NHANES 2001–2014. 2017. Disponível em:<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5946201/>. Acesso em: 29 maio 2018.