A gestação e, posteriormente, a lactação são momentos extremamente especiais na vida de uma mulher, principalmente, pela grande carga de mudanças fisiológicas no corpo. Em relação aos nutrientes, a demanda destes aumenta e, por isso, a adequação da alimentação associada à suplementação se faz necessária. Um dos nutrientes mais estudados e orientados para as gestantes e lactantes é o ômega-3, principalmente, na forma de DHA.
O DHA é fundamental para o desenvolvimento cerebral e visual do recém-nascido, uma vez que essa gordura é componente estrutural dos fosfolipídios das membranas celulares. Principalmente no último trimestre da gestação e após os 18 meses do nascimento, o DHA será depositado no córtex cerebral e na retina. Nessa fase, o desenvolvimento neuronal é vulnerável às deficiências nutricionais da mãe. Além disso, diversos outros benefícios estão associados com a suplementação com ômega-3 nesse período, como se pode verificar nos estudos a seguir.
Um estudo conduzido por Vinding et al. (2018) avaliou a suplementação com óleo de peixe em mulheres grávidas e os efeitos até o 6° ano de vida das crianças. Nos resultados desse ensaio duplo-cego, randomizado e controlado, as crianças das mães suplementadas com ômega-3 tinham maior Índice de Massa Corporal (IMC), uma maior razão peso/comprimento, porém com maior proporção de massa magra e menores níveis de crianças obesas, assim, mostrando benefícios do ômega-3 em estimular o crescimento como um todo.
Bisgaard et al. (2016) realizaram uma intervenção com óleo de peixe no terceiro trimestre de gestantes que poderiam perpetuar sibilância recorrente e asma para seus filhos. Nesse estudo duplo-cego e randomizado, as crianças foram acompanhadas até os três anos, sendo que aquelas que eram filhas de mães suplementadas com ômega-3 tiveram redução do risco de sibilância, asmas e até de desenvolver infecções do trato respiratório.
Por sua vez, Middleton et al. (2018) conduziram uma extensa revisão em que avaliaram os possíveis benefícios que a suplementação com ômega-3 na gestação poderia implicar. Como conclusão, as gestantes que recebiam a intervenção, principalmente com DHA, tinham menores prevalências de partos pré-termos e bebês com baixo peso ao nascer.
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REFERÊNCIAS
MARQUES, N. et al. Nutrição Funcional da Fertilidade à Gestação. São Paulo: Valéria Pascoal, 2018.
LAURITZEN, L. et al. DHA Effects in Brain Development and Function. Nutrients, v.8, n.1, p.6, 2016.
VINDING, R.K. et al. Effect of fish oil supplementation in pregnancy on bone, lean, and fat mass at six years: randomised clinical trial. BMJ, v. 362, p.k3312, 2018.
BISGAARD, H. et al. Fish Oil–Derived Fatty Acids in Pregnancy and Wheeze and Asthma in Offspring. The New England Journal of Medicine, v.375, p.2530-2539, 2016.
MIDDLETON, P. et al. Omega-3 fatty acid addition during pregnancy (Review). The Cochrane Database of Systematic Reviews, v.11, n.11, 2018.